Mau ou mal

“Eu escolhi ser bom...”

Estou no meio da redação do vestibular, tudo vai indo muito bem, inspiração a mil, concordância ok, grafia ok, parágrafos, introdução, desenvolvimento e conclusão; mas na última frase: Fulaninho de tal era um cara mau ou mal?
Meu Deus! Alguém dê um tiro na cabeça de quem inventou essa diferença sutil que sempre me deixa em dúvida na hora de usá-la, se estivesse em casa, escrevendo no computador, jogaria minha pergunta no Google e o todo-poderoso-pai-que-me-responde-tudo me daria a solução, como sempre faz, ou pelo menos quase sempre. Mas na falta do site que está acima de todos os outros, vou na base do chutômetro e jogo o mau na frase, pedindo a Deus que esteja correto, afinal de contas um erro a menos no vestibular é sempre bem vindo.
Porque será que pra mim era tão difícil aprender a hora certa de usar o adjetivo mau e o advérbio de modo mal? Acho que é porque pessoas más nunca te deixam bem, e eu demoro entender isso. Alguém aí ta sentindo cheiro de mágoa no ar? Pois é, parece que quando os textos ganham esse tom de superioridade disfarçada de um assunto nada a ver, é porque realmente alguém foi machucado.
Mas se repararem direitinho na primeira pergunta desse post, usei o verbo no passado. Adivinhem? Aprendi a colocação correta do mau e do mal, parece que pessoas más também servem pra alguma coisa, acho que é porque quando alguém é mau com você, você fica tão mal que vai pensar nas coisas com calma,e acaba descobrindo um monte de evidências do uso correto das palavras (e das pessoas, diga-se de passagem) que tudo fica claro como num acender de uma lâmpada.
O problema das pessoas más é que elas não sabem o quanto pessoas boas também podem ser cruéis, e o que me faz ter mais pena delas, é perceber o quanto estão perdidas nas mãos dos bons, porque enquanto se é mau por natureza, todos te conhecem como alguém que só faz o que não presta, e então sabem como vai agir e como vão te controlar. Agora quando uma pessoa boa resolve ser má; mamães, tirem as crianças da sala e fechem bem portas e janelas, porque ninguém nunca sabe de onde esperar a próxima bomba.

“...Mas também sei ser bem mau.”