Todo mundo na mesma merda

Tem dias em que a gente se sente só, aflito, achando que o mundo inteiro ta contra a gente, que tudo é grande demais e a gente pequeno demais para suportar os problemas que temos. Em dias assim o que recomendo é deitar no chão e olhar o céu durante a noite. No início vai dar uma aflição, aquela sensação de que você está sozinho no mundo e de que o planeta não passa de uma bolinha solta num universo imenso. Mas depois vem a idéia de como o mundo é grande, de como existem pessoas e de como somos diferentes uns dos outros. Pode até parecer bobagem, mas nem acho que seja. Me sinto melhor quando faço isso, ter a percepção de como o mundo é grande e de que tudo isso vai continuar com ou sem eu aqui me alivia bastante. Ás vezes tudo o que eu quero é ser um pouco insignificante, esquecer que tenho trabalho, universidade, que tenho que ser responsável e pontual, que tenho que ter uma aparência aceitável para tentar ser aceito. O mundo tem um sistema cruel que faz com que a gente também seja cruel com os outros, a gente ta sempre certo, sempre julgando, opinando. Todos têm que saber tudo sobre tudo, e não toleramos esquecimentos ou erros. Mas isso é tão infantil quanto se deitar no chão para observar o céu, que de infantil não tem nada, contemplar a natureza é se voltar para dentro de si e em algum momento reconhecer mesmo que intimamente, mesmo que em forma de dúvida que existe algo maior que a gente. Meu senso crítico e meu julgamento caem a quase zero quando observo o mundo como um todo. Estamos todos no mesmo barco, com ideias iguais ou não, gostos parecidos ou avessos, amando uns aos outros ou não. No final das contas o que todo mundo quer é apenas ser feliz.