Registro
Eu não parava de rir, mas não era pela graça da situação e sim pela minha falta de graça na tua presença. Não sabia muito bem onde por as mãos e evitava te olhar nos olhos de uma forma muito demorada. Tinha medo de você me interpretar mal, interpretar errado o que deveria ser certo. Vai ver era apenas medo de você ler em mim minha vontade de tocar teu cabelo que tava comigo desde a hora que você abriu a porta. De você ler em mim minha vontade de te abraçar quando você ficou em pé, de te agarrar sem você esperar quando fui ao teu quarto contigo. Medo de você perceber eu lembrando das tardes em que eu me deixava apenas ser e esquecia de todo o resto. Não sei o que é isso, não sei o nome, o tamanho, ou onde se encaixa nos rótulos dos sentimentos. A única coisa que eu sei é o que senti, e o que senti foi uma saudade danada de você, uma vontade de me deixar gritar alto, dá voz ao meu desejo que só chamava por você naquela hora. Não sei de você, do que sentiu, mas prefiro acreditar que quando me tocou na perna foi por pura vontade de matar a vontade de lembrar como é me ter por perto. Prefiro pensar assim, deixa eu pensar. Prefiro imaginar que você mudando o olhar de direção era querendo fugir da vontade que tanto sentia de ter novamente meu perfume na sua cama. Prefiro imaginar que você querendo fazer piada de tudo o que eu falava era só uma maneira de enganar a língua e entreter a visita pra a conversa não cair naquele silêncio chato que sempre leva à próxima etapa que não deveria mais acontecer no nosso caso. E o mais surpreendente em mim foi minha ausência de culpa, minha vontade zero de te pedir desculpas por ser quem sou, foi meu bem estar mandando sinais de vida. E antes que sua mania de querer estragar qualquer coisa que seja romântico ou chegue perto disso dê as caras dizendo que o que ta aqui escrito é tudo culpa da minha carência, eu digo que não, é só minha mania de transformar em texto qualquer sentimento que suba alguns graus na minha escala emocional. Qualquer coisa que mereça pernas trêmulas e risadas nervosas por não saber como se comportar por simplesmente gostar merece ser escrito. Não é carência não, é apenas meu corpo reagindo ao ambiente, reagindo a você. Se isso tudo aqui te incomodar de alguma forma, tudo bem, posso até não escrever mais sobre você ou nada do que aconteceu, mas será impossível não te lembrar toda vez que passar em frente a sua casa, impossível ignorar as minhas tardes vazias e não lembrar do todo que eu sentia naquela época e nem sabia como reagir a tudo aquilo por estar me odiando demais por simplesmente ser quem eu era. Isso aqui é só pra registrar de forma escrita o que meu corpo registrou mesmo sem eu querer. Foi só pra relembrar o que já vivi e lembrar que ainda to vivo.
Seja qual for o desfecho é bom demais sentir livre, sem ter que encaixar isso em alguma categoria definida.
ResponderExcluirGosto assim também, acho bonito.
Um beijo.
lindo texto, lindas lembranças, já tive as minhas neste assunto tb, qdo posso reviver alguma, faço, é algo maravilhoso.. bjos mil e ótima semana..
ResponderExcluirA gente fica mesmo nesse estado de graça diante de quem nos fascina.
ResponderExcluiruma transcrição belíssima desse "sentimento".
ResponderExcluir=)
Beijos