Como será que é viver para sempre?
Quando eu era criança costumava pensar no para sempre. Quanto tempo ia durar o para sempre? Como seria viver o para sempre? Cresci na igreja e lá sempre ouvia que no céu viveríamos para sempre. E eu me imaginava lá, no para sempre. E o para sempre podia ser muito chato. Se a vida eterna fosse realmente como me diziam que ela seria, seria muito chata. Aí eu tinha medo do para sempre. A vida aqui na terra parecia melhor do que o para sempre. Pelo menos alguma coisa acontecia até o para sempre; mesmo tudo tendo um final, aqui. Mas o para sempre não saía da minha mente. Às vezes me dava medo, às vezes curiosidade. Para sempre ... Para sempre é forte, pesado, denso. Para sempre me arrepiava a nuca. Naquela época eu não tinha ideia do que seria meu para sempre ideal, mas sabia bem que não tinha nada a ver com o paraíso dos outros. Hoje, entendo que o para sempre sou eu. Que ele, o para sempre de que tanto tinha medo e curiosidade, vive dentro de mim. E a cada nova etapa do jogo chego mais perto de sentir essa sensação de eternidade. Mas hoje, agora, fecho os olhos e posso senti-la bem aqui, dentro de mim. E toda essa carga de eternidade é o que me traz minha sabedoria, minha consciência, mas também meus medos e aflições. Eu fui para sempre um dia, sou hoje e vou continuar sendo, existindo eu, ou não.