A viagem mais longa da minha vida
Eu estou indo embora. Tô deixando para trás a casa, a família e os amigos. Tô indo embora e não pretendo voltar tão cedo. Não pretendo voltar. Estou indo embora sem esperar nada de ninguém que possa encontrar. Não pretendo encontrar nada, a não ser a mim mesmo. Estou indo embora porque preciso, porque estou cansado e quero deixar esse fardo para trás. Estou indo embora porque é longe que minha alma mora. Estou indo embora porque preciso encontrar com urgência esse lugar de paz que foge, corre de mim. Não posso me negar mais. Quero simplificar as coisas, mudar minha vida, meu ser, meu olhar sobre o outro. Vou embora para ficar comigo o máximo que eu puder. Vou embora a pé, de carro, de avião, de trem, vou embora correndo, calado, falando comigo. Vou embora das exigências de ser qualquer coisa que se queira ser, das nóias e dos medos que tentam me vender diariamente. Vou embora para aprender a escrever poema sobre mim e sobre a vida. Vou embora para escrever melhor e mais. Vou embora porque preciso. Andar de pé no chão, não precisar me vestir de quem não sou. Vou embora logo, com urgência, mas aproveitando a viagem para dentro de mim.