O choro que antecede a mudança
Eu choro de cinco em cinco minutos, do nada, sem explicação, uma música bonita, um comercial de TV, uma frase de um post no Instagram, uma cena bonita que vi no fim de tarde.
Eu olho para o relógio e é sempre trinta e três minutos. Trinta e três e quarenta e quatro. Quarenta e quatro e trinta e três, trazendo o significado que ninguém sabe para falar da vida que ninguém vê, aquela mesma que me faz chorar de cinco em cinco minutos pelos motivos mais aleatórios possíveis.
E eu nem sei o porquê de tanto choro, e não é de tristeza, eu lhe digo logo antes que você pense besteira. Não é tristeza não, é um saber-se alguma coisa, é uma certeza, é um caminho que se está seguindo, é uma direção, um sopro de algo no meu ouvido para o que preciso fazer.
Eu não tenho medo de morrer e jamais teria tendo em vista que morro todos os dias, porque para cada lágrima que cai é um novo eu que nasce. E hoje já nem sei quem vou ser amanhã. Porque tudo o que eu achava que era, todas as certezas que eu tinha se desfizeram junto com algumas ilusões, cumprindo o desejo que um dia falei para um amigo durante uma ligação: eu queria perder todas as minhas ilusões.
Se não me sinto ainda nesse lugar, ao menos sinto que estou bem perto dele porque nada já não é como eu via antes. E o choro muitas vezes antecede essa enxurrada de palavras que vêm de uma vez em um fluxo contínuo no qual eu nem penso se fazem sentido ou não, eu apenas as escrevo porque é assim que elas precisam vir, é assim que eu preciso delas.
Escrever nunca fez tanto sentido como tem feito nos últimos meses. Este texto é sobre choro, mudanças, morrer e renascer. Besteira achar que quem morre é para nunca mais, a gente morre todo dia, só não percebe quem não quer, quem tem medo de olhar para dentro.
Ontem mesmo eu morri quando uma ideia nova entrou na minha mente em uma conversa com um amigo e eu percebi padrões que me colocavam para trás. Antes de ontem morri quando me dei conta de que precisava estar por cima dos outros para me sentir seguro. Pura insegurança.
Hoje morri quando uma música me lembrou da infância e me trouxe à memória tudo aquilo pelo qual vale a pena viver. E daqui alguns minutos vou morrer novamente, quando eu tocar o ponto final no teclado assim que terminar este texto, porque quando eu tocar a última tecla, eu já não serei mais o mesmo quem começou a escrever.
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