Minha culpa

Minha culpa

Eu sempre me culpo demais, me culpo por motivos que eu mesmo não sei direito quais são. E eu fico assim, como to agora, tentando me entender. Aí eu corro aqui pro computador e tento escrever. Isso geralmente me ajuda.
Eu sofro demais por coisas tão insignificantes que tenho raiva de mim mesmo. Mas vendo por outro lado isso é até saudável. Dessa vez me irritei comigo por que abri minha boca novamente e contei uma certa coisa a minha mãe, uma bobagem, besteira mesmo, coisa minha, tão besteira que dá até vergonha de falar o que era. Mas não queria ter falado, queria ter guardado, era uma maneira de eu não me trair, mas por algum motivo que também não sei, empolgação, falta de assunto pode ser também! Acabei falando. E agora fico aqui assim tentando explicar pra mim mesmo que não falei nada demais, que o que disse não me prejudica nem um pouco, ao contrário, talvez até ajude a melhorar minha imagem junto a minha mãe.
Mas o que eu posso fazer se sou assim? Às vezes não gosto disso em mim, mas vejo que isso é justamente aquela pequena diferença que me deixa tão diferente dos outros. Reparei que isso tem haver com a minha mania de intimidade. Não gosto muito de falar de mim, prefiro sempre me calar, eu não era assim, já fui de falar mais, até o dia em que aprendi que isso não me ajudava muito, só me complicava mais. Então aprendi a lidar com meus conflitos sozinho, me fazendo do outro, respondendo com crítica a todas as minhas angústias desnecessárias, assim como faço agora. E hoje eu gosto dessa coisa de ficar calado sabe, ás vezes sinto falta de me abrir totalmente, de alguém poder me entender por completo, mas talvez eu esteja me confundindo com os significados. Uma pessoa pode ser entendida por completo sem precisar ser descoberta por completo. Acho que é esse o ponto, tenho medo de me deixar descobrir por completo, depois de tantas decepções com amizades etc e tal a gente fica assim mesmo. Já me deixei descobrir uma vez e depois descobri que quem me descobriu encontrou ouro e lhe deu valor de biju. Apesar disso não tenho medo de me entregar novamente numa nova relação, seja ela amorosa ou não. A vida ta aí né, não dá pra viver com o pé atrás com todo mundo. O que mudou é que hoje sei que tenho um lugar sagrado em mim, onde guardo meus medos, conflitos, histórias, partes de mim que só eu sei o quanto significam e o valor que têm, e não adianta muito eu deixar que alguém descubra esse lugar e seus tesouros só por que dizem que são meus melhores amigos ou namoradas. Todo mundo tem um lugar só seu, que ninguém tem o direito de tocar. Hoje me deixo compreender por poucos, nem todos sabem lidar com o que realmente sou, acho que nem meus pais sabem. Me descobrir? Descobrirem meus medos e até minhas culpas? Isso eu deixo para alguém um dia, é bom ter alguém que te descubra também, uma pessoa com segredos só dela não descobre o quanto é bom ter uma amizade sincera de verdade. Mas essa parte do descobrimento de Walter Filho fica pra quando alguém me passar confiança suficiente e até mesmo se deixar ser descoberta também.

Walter Filho

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