Falta ar

Escreva, escreva, escreva. Foi o conselho de um amigo que leu meu mapa astral. Algo que intuitivamente eu fazia escondido desde criança. Meninos não podiam ter diários. E eu quero fazer até morrer. Essa é a coisa na qual encontro mais prazer? Talvez, embora também seja a coisa da qual mais tenho medo. Me sinto correndo de mim mesmo o tempo todo. Fugindo do inevitável. Escrever e expor o que escrevo é expor também quem sou. E para uma autoestima frágil isso é quase implorar para morrer, mas se quase morro todos os dias com cada pedaço de mim mesmo que deixo de encarar, aceitar, então que seja feito o meu destino. Que eu tenha coragem de ser. O engraçado é que já me vi mais corajoso. De uns tempos para cá fiquei medroso. Alguma coisa se calou dentro de mim. Talvez seja ela, essa minha parte que eu tenha que matar para não morrer sem fôlego, por não respirar o ar que vem quando desentalo a garganta engasgada pelas palavras que deixo de falar.