Um dia dos namorados qualquer
Esse é um daqueles textos que parece que veio fora de hora. Quando eu estava vivendo tudo o que vivi logo depois do nosso afastamento, eu não tive disposição, condições, de escrever nada coerente sobre o que eu sentia. Eu só escrevia para tirar os pensamentos circulares da mente, para acalmar a ansiedade que insistia em coisas absurdas.
Qualquer dia desses escrevo algo que faça sentido, com tempo e calma, com data e em uma sequência, que conte direitinho todos os passos que dei para dentro de mim desde o dia em que conheci você. Qualquer dia desses.
Logo depois do término, eu estava ocupado demais com a dor de ver as coisas em mim mudarem e a vontade de abandonar a tua imagem, que não saía da minha mente. Quanto tempo você acha que a gente leva para aprender a viver sem o desejo de esquecer alguém?
Hoje eu vi uma foto tua e te achei lindo, a minha boca sorriu junto com o meu coração ao te rever, mas o peito não acenou mais o apego que eu tinha por você.
Sorri de felicidade, mas não de saudade. Sorri por te ver bem na foto, embora eu saiba que uma foto é apenas uma foto. Mas você parecia feliz. Espero que esteja.
Não sei bem o porquê deste texto. Parece que não tenho nada para te falar. Geralmente quando tenho, as palavras fluem rapidamente, sem que eu pare para pensar sobre o que estou escrevendo, e agora, não. Agora estou tendo que procurar dentro de mim o que eu queria expressar. Que difícil admitir que toda aquela dor passou.
E entre dores e dores, estamos todos vivos e lindos, sorridentes em fotos do Instagram. E esse é o pior texto que alguém poderia escrever. Sem sentido, sem porquê. Claramente feito por mim e para mim. Porque meu ego queria encontrar um pouco mais de dor e sofrimento para poder acreditar que tem algo sobre o qual se manter de pé, porque ele gosta de se sentir em terra firme, gosta do drama e queria escrever que doeu.
Eu não tenho muita motivação para escrever sobre romance, e nesse ponto do texto eu já perdi o ritmo e o vigor de continuar escrevendo. Queria fazer mais drama, sentir mais, dizer isso e aquilo, como eu fazia antigamente. Mas eu já não sou mais o mesmo de antigamente.
A única coisa que eu sei, é que eu desejo do fundo do coração que nada mais aqui envolva você. Porque por algum motivo, quando penso que te superei, me vejo fantasiando cenas de superioridade em que quem sempre sai ganhando sou eu. E isso é tão infantil quanto chorar por ilusões românticas. Mas qualquer dia desses escrevo algo sobre a gente e assim liberto o resto de qualquer coisa que possa ter ficado.
Enquanto isso, escrevo este texto às cinco da manhã de um sábado, com o olhar vagando pelo teto que vai ficando claro pela luz do dia que nasce lá fora. Imagino o dia nascendo e penso no que estou deixando de ver, no que estou deixando passar por ainda estar assim, sofrendo por nada. Pelo eco de algo que eu nem quero mais.
Qualquer dia desses eu acordo diferente. Qualquer dia desses eu desperto mais uma vez de uma ilusão só para poder voltar a dormir, e no dia seguinte, começar tudo de novo. Mas não sei quanto tempo isso vai me custar. Paciência é a virtude dos que confiam, mas confiam em quem?
E como durante todo o nosso relacionamento eu nunca escrevi nada sobre a gente, nem sobre o que eu sentia por você, qualquer dia desses, em um dia dos namorados qualquer, quem sabe eu te escreva um texto decente e poste em algum lugar. Só para me fazer acreditar que é para você e por você, quando sempre foi por mim e para mim. Feliz dia dos namorados.
Comentários
Postar um comentário