A maturidade aponta o norte

 

Escrever uma página por dia, essa foi a meta que me propus a cumprir diariamente. Pelo menos, uma página. Hoje eu ia escrever sobre felicidade, sobre encontrar esperança em alguma coisa, tive um sonho que me trouxe essa sensação e me fez acordar pronto para alcançar meus objetivos.

Mas a sensação logo foi embora ainda no meio da manhã, bastou eu me olhar no espelho por alguns minutos e notar que estou com cara de cansado há semanas. E eu realmente estou cansado, emocionalmente cansado. Em pouco tempo a coragem e a fé na vida que o sonho me trouxe, não passavam de uma vaga lembrança em algum lugar distante da minha mente.

Se tem uma coisa com a qual sempre tive dificuldade em lidar, foi com as oscilações da vida, as fases da maré que chegam para a gente. O sobe e desce das minhas emoções, os vários estados de espírito que se abatem sobre mim em apenas um dia.

Quando eu era mais novo, eu queria estabelecer um estado de espírito ideal para o Walter e queria que ele não mudasse, fosse fixo, assim como as minhas opiniões, meus gostos, minha perspectiva da vida. Já falei sobre isso em outra crônica.

E esse meu incômodo também se entendia às minhas emoções, eu não sabia lidar com as influências externas que chegavam até mim, deixava que elas ditassem o ritmo do que me acontecia por dentro.

Como quando qualquer coisa é capaz de te desestabilizar e te gerar emoções conflitantes, te colocar em estados de humores diferentes várias vezes ao dia. Uma música boa que você escuta renova a tua fé na vida, mas aí um vídeo sensacionalista no Youtube derruba tua esperança na humanidade, a notícia que você lê, uma conversa que você escuta.

Essas coisas vão passando por você e fazendo com que você seja conduzido por elas sem que na maioria das vezes você nem perceba. E elas fazem isso quando a gente não está focado, quando não temos um rumo a seguir, quando a gente não sabe o que quer.

Hoje mesmo, depois do sonho bom, acordei bem. Mas minutos depois, um cansaço imenso se abateu sobre mim e com ele vieram pensamentos de desânimo e vontade de desistir.

E reconheço esses sentimentos, eles não nasceram hoje. Não surgiram agora, do nada. Há dias venho me sentindo cansado. Nesses momentos, aceito a fragilidade em mim, não tem problema nenhum em me sentir assim e não há culpa alguma nisso.

Mas também me lembro do plano que eu fiz há alguns meses, dos objetivos que tracei e das atitudes que eu preciso ter diariamente para poder realizar o que eu desejo. Nessas horas, lembro a mim mesmo que o cansaço é momentâneo, e assim como tudo na vida: vai passar.

E como esse não é o tipo de cansaço que se tira com uma boa noite de sono, eu me apego aos pensamentos que vão me gerar bons sentimentos. Procuro estimular minha criatividade de um jeito que me coloque lá naquele futuro que eu almejo.

E seria legal se eu te dissesse que uma bomba de energia milagrosa cai sobre mim e de repente começo a contar piadas e a vida é bela novamente. Não. Mas o impulso para criar, para fazer, vem.

E eu faço, faço no ritmo que dá, faço porque o compromisso é comigo. Faço porque depois de uma certa experiência, a gente aprende que não adianta lutar contra o sobe e desce da maré da vida, a gente tem que aprender a navegar sobre ela.

E aprender a navegar é aceitar que tem dias em que o nosso emocional vai estar lá no alto, no máximo dele, e que em outros, você vai estar cansado demais até para escrever uma página sequer.

Mas acima de tudo, entender que independente de como você esteja se sentindo no dia, você vai ter que ir lá e fazer o que precisa ser feito. Não porque estão te mandando, não porque esperam isso de você, mas porque aquilo é o que te move, é o que te dá sentido na vida, é o teu norte.

Espero que você encontre o seu norte na vida, aquilo que enche teu peito de alegria quando você se imagina realizando, mesmo em dias que você está cansado demais para ter fé em si mesmo.

Alguns vão chamar isso de Deus; outros, de força interior. Os otimistas vão dizer que é a força do pensamento positivo, e os místicos vão agradecer a alguma entidade. Eu chamo de maturidade.