A inveja da mediocridade
Eu poderia escrever INVEJA na página inteira desta revista e ainda seria pouco para expressar a frustração que eu senti ao ler a matéria sobre esse menino de 20 anos que já é reconhecido como uma revelação no mundo da arte contemporânea. Não me senti um fracassado, apenas senti inveja mesmo. Até critiquei o garoto, o qual, por sinal, parece ser gente boa, mas por mexer com meu orgulho, por confrontar minha frustração e servir de espelho para a minha falta de ação na vida, por esfregar minha insegurança na minha cara, merece todo o meu desprezo que se agarra ao meu ego. Eu posso ser bem medíocre ás vezes. Vai ver é por isso meu cu anda problemático. Isso mesmo, tenho problemas no cu. CU palavra feia, mas como estou a fim de desaguar toda a expressão reprimida em todos esses anos e que se expressou no meu ânus (?) vou usá-la muito. To assim engraçadinho hoje, deve ser Madonna tocando aqui de fundo que ta me fazendo ácido, tácito, direto, curto e grosso comigo mesmo. Nem sei mais da educação velada que tenho que ter, da censura do pensamento, da delicadeza do ser que tanto prezo e zelo diariamente. Preciso me permitir o carnal e o banal de vez em quando, respirar um pouco de ar poluído e excretar algumas coisas podres pelo cu problemático é benéfico. Me esconder de mim não me leva a nada. Logo eu que quero tanto me curar de mim, logo eu que luto constantemente com o eu frágil, com o amor abalável fraquinho que tenho por mim mesmo me pegar assim querendo esconder alguns detalhes meus. Não dá mais. Me olhei de frente ao espelho da vergonha pela primeira vez no final de 2016. Aquilo foi um baque, uma queda de sete andares de onde eu vivia achando ser alguém que definitivamente não era. Despencar de mim mesmo foi a melhor coisa que já me aconteceu, me libertou de tanta coisa, me fez abaixar a crista para tudo o que eu julgava ser. Daí agora venho eu novamente querer criticar um garoto que ta fazendo o caminho dele, que é diferente do meu, vale salientar, por pura inveja. Até parece que não aprendeu nada com a queda né meu senhor? Da inveja veio a revolta que trouxe a raiva de mim mesmo, que traz a vontade de ser livre para mim mesmo, que me fez escrever tudo o que escrevo agora. Então expressa a repressão, o medo que você se impôs sabe lá Deus por quê. Expressa pro cu problemático parar de ser problemático, pro sangue voltar a correr nas veias e você começar a correr pra vida que você sempre desejou.