Bastidores
Encontros, desencontros, combinações perfeitas, afinidade imediata, repulsão instantânea. Se tudo tem um porquê eu queria saber qual é o meu. Eu queria saber os caminhos que me trouxeram até aqui. Queria saber o que está por trás do fino véu de tudo o que aconteceu hoje. Por trás da simplicidade do que não passaria de um dia comum, se esconde a criatividade da vida que me trouxe uma situação que me fez gerar uma ação diferente do que poderia ter acontecido se tudo tivesse ocorrido como eu havia planejado. E desde quando o meu planejar tem ajudado em alguma coisa? Desde quando o que planejo se mostra bom para mim em aspectos globais? Minha vida se resume ao meu olhar, ao toque dos meus sentidos. E meus sentidos são cinco, falhos e limitados. Minha visão só mostra uma parcela do que sou, a outra metade se esconde por trás do véu do tudo que eu não vejo, dentro do poço escuro e profundo que é a minha alma. Minhas conexões mentais, meus planos de curto, médio e de longo prazo, meus desejos imediatos mediados pelos meus sentimentos não conseguem desenhar nem o rabisco do que a vida esconde por trás das tantas cortinas que o mundo levanta diante da minha visão diariamente. E eu vou me frustar cada vez em que quiser controlar o incontrolável, e cada vez em que eu quiser tomar conta do impalpável eu irei chorar. E que eu chore, se for pra chorar que seja por pura rendição de se reconhecer limitado e pequeno demais diante da vida. Que eu saiba deitar a cabeça no travesseiro após um dia como este e saiba admitir com o coração em paz que a vida é mais criativa do que eu. Eu vejo tanta coisa se mover ao meu redor por trás das cortinas agora.